A violência da não violência

Posted: quarta-feira, 17 de junho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Durante o feriado, assisti ao filme Mollière cujo um dos temas era o conflito de um conde que tinha título, mas não tinha dinheiro, tentava arrumar um casamento para seu filho com a filha de um comerciante que tinha dinheiro, porém não possuía título algum.
No domingo, fomos, eu e minha família, levar minha sobrinha para sua casa que fica em um condomínio fechado, ao sair um dos moradores veio em direção ao meu carro, colocou o braço para dentro e bateu em minhas costas dizendo que ultrapassei a velocidade de dez quilômetros por hora. Achei que era brincadeira, lógico, só isso justificaria tamanha ousadia, fiquei olhando pelo retrovisor à espera de reconhecer o cidadão e, também, à espera de ele vir me cumprimentar, com um sorriso no rosto e dizer algum nome ou lugar familiar. Ainda acreditando se tratar de uma brincadeira, perguntei sobre a existência da placa de dez quilômetros, só ao ver o andar agitado do cidadão percebi que o negócio era sério.
Então me senti agredido, quem deu lhe direito de entrar no meu carro, minha propriedade, e tocar em mim? Estacionei, nisso meu cunhado e outros moradores apareceram por lá e o guarda/morador/agressor simplesmente disse não ter feito nada.
As coisas ainda não se resolveram, mas me sinto feliz por não ter revidado a agressão, coisa rara hoje em dia. Não revidei por perceber tarde demais que o lance era sério, mas isso foi muito bom, porque não gostaria que minhas filhas, que ouvem de mim que a violência sempre é desnecessária, presenciasse minha incoerência.
Não é o fato de morar em um condomínio de luxo te faz ter educação, classe e fineza, o fato de agir com a não violência, às vezes, é a maior violência que se comete.

3 comentários:

  1. Olá, Fabiano. Não quero ser pentelho, não. Mas isso é uma apologia ao pacifismo?

    Concordo que a razão deve ser soberana. No entanto, o estado de indiferença diante de certas circuntâncias caracteriza, muitas vezes, seu oposto: a suspensão do juízo em situações complicadas.

    Defendo que a violência pode partir de uma decisão racional e, além do mais, muitas vezes isso pode ser saudável. Talvez, mas talvez, o problema não esteja na violência em si, mas na violência mal aplicada.

  1. André, e aí?!

    É sim uma apologia ao pacifismo. A violência nunca levou ninguém a lugar nenhum, e ela nunca é saudável. Na história temos um grande exemplo que foi Mahatma Gandhi, pois libertou um país inteiro pregando a paz e combater a violência com a não-violência, além disso, aprendi muito em um testemunho de locutor da rádio 89 (finada) disse ele que um de seus amigos perdeu um irmão baleado, em uma briga, e as pessoas lhe cobravam uma vingança e esse amigo disse: O ciclo do mal acaba em mim!

    E isso! Não prego a indiferença ou a fé cristã barata (de dar a outra face),mas sim lutar sem as armas convencionais.

    Até mesmo por que essa história de marcar território para ver quem é o machado dominante é para animal, recalcado ou impotente sexual que precisa de auto-afirmação de sua masculinidade.

  1. Michelangelo says:

    Garcez,
    Acredito que se vc tivesse mesmo aprendido algo com o testemunho do locutor não falaria nada no momento da suposta "agressão", pq não vejo nada agressivo alguém falar q vc ultrapassou uma velocidade permitida, que todos sabem que dentro de condomínios de luxo ou não, existe. Agora se o fato do cidadão colocar a "mão em vc" caracteriza violência, não seria o momento certo de vc provar que aprendeu mesmo algo com o testemunho e simplesmente pedir desculpas ou nada dizer fazendo assim acabar em vc o ciclo do mal? Não seria um bom exemplo para suas filhas?

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