do lugar comum

Posted: terça-feira, 17 de novembro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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a paixão é feito ânsia
e o amor, paciência

Na cama se prova este teorema

na paixão está o músculo a contração
e no amor a gente dorme, descansa
Na tênue distância
entre a inércia e a tensão
configura-se a trama

Depois de consumada
a paixão memória
rarefeita
Feito carne é o amor
(matéria cotidiana)

nua, a sinceridade dos corpos

no olhar e na fala muda
o amor ali se implanta
A paixão: paladar e tato
perecível ápice transpira expira
crua sensação e instinto

mágica feita de vento, transparente ciche
da indelével procura
O amor, substrato do tempo, diária fatura
é pão e cimento

Tarde de Autógrafos com Fabio Weintraub e Pádua Fernandes

Posted: sábado, 7 de novembro de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in
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Fabio e Pádua lendo seus poemas





Conversa após a palestra



Fabio, Pádua, Fabiano, Roberta e André

Pedreira

Posted: quinta-feira, 29 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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No meio do caminho os analfabetos, favelados
e a vitória democrática do sufrágio

No meio do caminho os mal pagos, viciados
e as horas passadas de tormento e trabalho

No meio do caminho os andarilhos incorrigíveis
extraviando vossas pernas, pêlos, partidos

Os anormais persistem
com flores e fardas infantis

E o caminho continua lá
imóvel imutável
feito pedra
dura, a encarar o sujeito.

Estilingue e molecagem

Posted: by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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As nuvens formavam um peculiar labirinto
jamais deveria te-las violado
munido desta instrumentária

Jaz sobre mim uma gota
pesada certeira
caldalosos esgotos
e goteiras
grosseiras
enxurradas
Sobre mim há um cheiro
de fossa e enchente

- Profanar os profanos é o maior pecado
injuriar os dementes é o maior pecado
apreender os divinos é consumar o calvário -

Se seu soubesse que não se volta ao passado
a palavra vale prata
mas o silêncio é impagável

Nunca tive coragem
para naufragar um barco
só que hoje, justo o Hoje
com sua urgência e seu atrazo
tornanou-se um mostro mitológico
vindo dum ciclone d`água
emblemátco enigma do rodamoinho
( a vida neblina; inda preciso navegá-la)
Ah! me rendo
simplesmente abrindo o ralo
vi passar adiante todos
meus planos manchados
dissolutos
papéis apagados.

Enfim pensei sobre minha morte

Então a juventude ficou para traz.

Tarde de Autógrafos

Posted: by Fabiano Fernandes Garcez in
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A Livraria Café e Cultura convida você para a Noite de Autógrafos dos livros Baque e Cinco lugares de Fúria, com os autores Fábio Weintraub e Pádua Fernandes respectivamente, no dia 31/10/2009, às 17h, entrada franca.


Em 'Cinco lugares da fúria', o poeta Pádua Fernandes apresenta as etapas de um périplo anticidadania. De um mundo traficante de exílios, passando pelo cadáver insepulto de imigrantes clandestinos mortos no deserto, por zonas de classe média onde pedintes são assassinados, entre outros lugares, chega-se ao aborto do espaço público. Por tais regiões inóspitas, que convergem para a distopia, o poeta transita.

Pádua Fernandes. Nascido no Rio de Janeiro em 1971, vive em São Paulo, onde é professor universitário. Foi colaborador da extinta revista portuguesa de cultura Ciberkiosk e integra o conselho editorial das revistas Jandira (Juiz de Fora) e Cacto (São Paulo). É autor de O Palco e o Mundo, poesia (Lisboa, Edições Culturais do Subterrâneo, 2002) e é organizador e autor do posfácio da antologia de Alberto Pimenta, A Encomenda do Silêncio (São Paulo, Odradek Editorial, 2004).


Em baque, Weintraub radicaliza a poética de seu livro anterior, Novo endereço (2002), abrindo mão de nomear sua paisagem íntima para dar voz a uma outra intimidade: a de prostitutas, motoboys, doentes, ex-modelos, mendigos, idosos, entre outros seres que vagam entregues à própria sorte. Por meio de uma escolha muito precisa de imagens, ritmos, dicções, estes versos cristalizam — no melhor sentido da palavra - a experiência do espaço social degradado de uma grande metrópole.
Nesse sentido, "Fotografia" parece ser um poema emblemático do livro: "De cócoras/ como quem ora/ ou pragueja/ sob a marquise/ a mulher// Oculta/ pelos caixotes/ embriagada/ entre sobras de repolho// Pela calçada em declive/ cachorros lambem o chorume// Penso na foto/ franzindo a testa// solidário/ imprestável". Pois é exatamente dessa "inútil" solidariedade que parecem nascer os versos de Weintraub, em cuja linguagem límpida e exata o grotesco aflora — veja-se o assombroso "Transplante" — como expressão contemporânea da subjetividade


Fabio Weintraub nasceu em São Paulo, em 1967. Psicólogo pelo Instituto de Psicologia da USP, com formação em psicanálise, atualmente cursa o mestrado em Teoria Literária na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da mesma universidade. Publicou os livros de poemas Sistema de erros (1996), vencedor do prêmio Nascente em 1994, e Novo endereço (2002), que recebeu os prêmios Cidade de Juiz de Fora, em 2001, e Casa de las Américas, em 2003. Trabalha como editor em São Paulo.


Livraria Café & Cultura
Av. Dr. Renato de Andrade Maia, 765 – Parque Renato Maia – Guarulhos – SP.
11 2229-0376

Literatura de Cordel

Posted: quarta-feira, 28 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in
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Aproveitem!

As mães com suas filhas

Posted: terça-feira, 27 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Eu vi as mães com suas filhas quando moças
e as moças me mostraram
o retrato
de suas mães quando moças
com elas bebês em seus braços
- de mães moças
que carregam no fôlego do ventre
tanta vida e tantas cores,
tantos ares como um fardo

Eu vi as moças com suas mães envelhecerem
e as cores amarelarem
e os ares acinzentarem
mas o retrato continua o retrato
das mães quando moças
com seus bebês nos braços

E vi as moças e seus bebês e sua mães
e sei que um dia ainda verei
os bebês com seus novos bebês
e retratos

E as mães com seus corpos de aço
com seus filhos crescidos, criados
criarão também rugas de tédio
talento e cansaço
findará – se o ciclo de seus ovários
os seios se secarão
mas restará o legado

tudo se evapora, dissolve na vida
menos o retrato
das mães quando moças
com suas filhas nos braços.

Fênix

Posted: quinta-feira, 22 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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do inverso do cerne concreto
do reflexo do fluxo da alma
O bom verso se faz
alado!

é o todo aliado ao nada
é o fogo fulgurando seu carma


- o silêncio transcendido na chama.

Cada um tem o ídolo que merece

Posted: quarta-feira, 14 de outubro de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Lembro-me sempre dos versos de Cazuza: Meus heróis morreram de overdose... Os meus nem todos morreram assim, uns sim, outros morreram de mortes naturais, outros foram assassinados e outros de causas diversas, porém muitos ainda vivem.
Um dos que já faleceram, me marcou muito, com sua música, com seus versos e, principalmente, por perguntar a todos que conhecia que livros ele estava lendo, não sei o porquê, mas isso influenciou muito minha juventude, pois se a leitura é importante para o Renato Russo ao ponto de ser a primeira informação a querer saber de alguém, deveria ser importante para mim e eu que sempre li muito, passei a ler mais ainda.
Isso é passado, Renato Russo e Cazuza foram ídolos do passado, hoje os tempos mudaram, Talvez a primeira coisa a se saber de alguém é onde ele malha, onde faz lipo, onde se brônzea e por aí vai. Os novos ídolos são mais preocupados com a beleza estética do que a beleza intelectual.
Um fato acontecido nos faz pensar, os que ainda pensam, em um dos seus programas de televisão, vi pelo CQC em seu TOP 5, Silvio Santos perguntava a Carla Perez uma palavra a respeito do Alasca e ela disse: praia. Isso gerou até uma brincadeirinha do dono do baú, mas ela não parou por aí, depois associou Baco a barco e grande canal ao rio Tietê, só lembrando que a moça é a mesma que em outro programa pergunta a uma telespectadora se a letra era I de escola, depois ela ainda fala se era E de isqueiro.
Ela continua ser uma moça de glúteos grandes e bonitos, será que só isso é suficiente para ser um ídolo brasileiro? Cada um, ou cada povo tem o ídolo que merece!

A Catequista

Posted: terça-feira, 13 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Em qual brecha, qual cochilo meu
você – xereta - aconchegou-se neste
fugaz coração ?
Agora sou sarjeta inerte, ultrajado
esperando tua gorjeta,
sou um fantoche paisano e gentil


Qual saída ou saidera conduz-me a teu paço ?
O que anestesia, paralisa teu esplendido passo ?
Não há sossego
tua face é majestade onde floresce meu apego
Espontâneo meu caminho de ser o excêntrico servo
bobo da corte sozinho


Suave o teu traje:
num tecido de cetim, um vestido bege
Maquiada de virgem oscilando o consenso
da vertigem obscena e do trejeito angelical
Talvez tua proeza está no justo deslize
de catequizar o imoral


Você é o êxtase dum sentimento framboesa
narcótica cor cereja de uma ânsia
corrompido néctar de jiló
gelo, queima ácido
Estende-me uma luxuria como um firme aço
Um querer inesgotável, diariamente assíduo


Qual jejum me purifica ? desconheço
Qual monge traz a paz ? a consciência confusa
Qual xarope me cura? anulo toda ciência
Qual pajé me guia? não assumo culpa
Qual sargento me dá ordem?
vou matar o meu algoz !


Obcecado, discipulado teus atos
tão docentes
Minha indecente pretensão instintamente acende
Desperta-me um fascista tosco, não dispersa
Um fanático terrorista, voraz cafajeste
dizendo: não desista”


É a tua catequese que instiga
a nua vil beleza do suor impuro
Todo sujeito esconde um sentimento brejeiro
lama pro predicado sujo
Rixa com a vida alheia não me interessa
Só um desabafo laxativo - ninguém no mundo presta!


Desculpem o desacato estou louco, sem juízo!
Não desprezo os santos, não ironizo os puritanos
nem quero perder o paraíso
Mas conheci ti, o Éden, e preciso morder a maçã
Minha inocência se afrouxa com a práxis do profano
apesar de toda reza.

A Lenda do Menino Gênio

Posted: segunda-feira, 12 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Prove a maçã imatura
e envenena-te do caldo
de tua própria criatura
da salíva de tua falácia
que envolve e deglute as teorias.
Em verdade te digo
o sangue da tua língua, então, mordida
Ilustra uma dor tão enrustida
em teu ego delira,
te deixa tão azedo
- doença de alibido

Conheço quem se ache gênio
Ora, mas que falta de engenho
que visão mais curta
muito bem demonstra
o desdobramento
do pensamento pequeno

O saber quando é sublime
não se personifica
se derrama em sua história
usurpa corpos predispostos
em diversos lugares e momentos
Ora, pode um homem
único homem
ser assim tão onisciente?

Declarado, o gênio reflete
a ignorância mais insegura
O gênio desta espécie
é a cabeça duma mula

O gênio ao espelho
é o saci e a curupira
com todas suas pistas
e todo seu mistério
que ningém aprisiona
não cabe em recipiente hermético
não se captura
a esfera da sua sofia e ciência
a atmosfera de desmentira e inverdade
que só o mito e a arte
articula



Pode o gênio ser e estar
num único homem carne e credo ?
Busco tão somente o gênio
quando percebo-o numa estrutura
-camada para além da humanidade
de signo, sol, sombra e linguagem.

Acidental

Posted: quarta-feira, 7 de outubro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Sim, inventaram a pulseira
que pulsa amarrada ao pulso:

Tic-tac, tic-tac, tic-tac, a vida
Tic-tac, tic-tac, tic-tac, a veia
Tic-tac, tic-tac, o trânsito louco desta via
Tic-tac, tic-tac, tic-tac-trec, BUM!

-o acidente desta alucinada mania
de contra o tempo contraindo a artéria.

Roberta Villa

2016: A olimpíada do Lula!

Posted: by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Quer queiram os críticos ou não, o Rio venceu Madri, Tóquio e Chicago na disputa pela Olimpíada de 2016. A quem devemos creditar essa vitória? A Lula, claro.
Apesar de ser muito criticado pela imprensa tupiniquim e também, pelo Zé Povinho, que muitas vezes repete que ouve na televisão sem saber o que está falando, Lula é um líder respeitadíssimo fora do Brasil e transmite muita confiança para outros líderes e, principalmente, para instituições internacionais, não é por acaso que Obama se referiu a ele como: O cara! Não tenho como garantir, mas se fosse outro presidente, o Brasil não sediaria nem a Copa de 2014, mesmo sendo o país do futebol.
Alguns críticos estão dizendo que com os problemas que o Brasil tem, não deveria gastar milhões com os jogos olímpicos, porém se até agora nunca houve uma olimpíada, por que ainda temos esses problemas? A real questão é que esses críticos elitistas preconceituosos, não conseguem suportar a ideia de que um brasileiro, nordestino, sem um dedo, que escorrega na concordância verbal e agora deu para enfiar “ou seja” em toda frase , conseguiu fazer justiça social no mundo! Coisa que nenhum sociólogo afrancesado da USP fez! É a primeira olimpíada na América do Sul!
Não votei no Lula e encontro inúmeros defeitos em seu governo, mas é inegável que é um grande estadista. E para utilizar metáforas lulantes, o Rio de Janeiro deve fazer como aquelas mulheres que são lindas por natureza, mas estavam um pouco desleixadas, sem auto-estima e apanhando dos maridos fazem quando são convidadas para ir a um casamento. Vão a um salão de beleza, passam o dia todo lá e chegam ao Buffet deslumbrantes, depois vão pagando as parcelas do cartão de crédito ou os cheques pré, se der!

Vamos colocar os políticos no paredão?

Posted: quarta-feira, 30 de setembro de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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No mês passado escrevi uma crônica sobre os Realities Shows e ao final sugeri que se utilizasse com os nossos políticos, o mesmo processo de eliminação dos concorrentes, motivado pelas denúncias contra nosso El Bigodon, José Sarney. Não é que isso pode ser verdade?
Tramita na Câmara, já aprovada pelo Senado, o Recall Eleitoral, que é submeter os mandatos políticos de parlamentares ou chefes do poder executivo a um referendo para o eleitorado decidir se os mantêm ou não. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), com o apoio da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) e da ABI (Associação Brasileira de Imprensa) faz campanha em seu site para a aprovação da Proposta de Emenda Constituicional 73/2005, percebe-se pela data, que minha crônica foi posterior a sua criação.
Funcionaria desta forma: O referendo pode ser convocado com um pedido de 2% do eleitorado nacional, após, pelo menos, um ano do mandato, com isso a população poderia revogar e substituir os mandatos de vereadores, deputados e senadores, bem como de prefeito, governador e presidente da República. Assim a população não precisaria esperar até a próxima eleição para retirar do poder os corruptos e toda a corja de péssimos políticos que temos.
O Recall pode ser uma grande novidade por aqui, mas é muito antigo, o primeiro aconteceu em 1903 em Los Angeles, EUA. Os contrários a essa medida argumentam que não é justo com os mandatários, por não dar tempo suficiente, e de direito adquirido, para o exercício das funções e a chance de recuperação e reparação de alguns deslizes como inoperância ou incompetência.
Resta saber se um telespectador de reality show, que não sabe escolher um candidato e, pior ainda, nem se lembra dos parlamentares em quem votou, estará preparado para a eliminação.

A unanimidade comercial

Posted: quarta-feira, 23 de setembro de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Existem algumas normas, que não estão escritas em lugar algum. Fui a uma pizzaria nesse fim de semana e a televisão estava ligada na rede globo, (escrevo assim mesmo no minúsculo!) ninguém a assistia, estava para as paredes, porém na rede globo. Por quê? Porque existe a regra que “todos” assistem a essa emissora, mesmo quem a detesta, como eu.
Você já ouviu alguém falando que se não for coca-cola não é refrigerante? Garanto que sim. Baseado nesta “norma” a coca-cola fez uma série de anúncios contra os refrigerantes mais baratos de pequenas empresas, por ela, chamado de refrigereco.
Esses dois exemplos são apenas ilustrativos, não vou ficar fazendo propaganda para essas nem outras empresas, pois o espaço desta crônica não é para isso, o leitor mais atento perceberá que de propaganda aqui não tem nada, mas há um ditado que diz: Fale mal, mas fale de mim. Para isso é utilizado o axioma: Se todos falam de um determinado produto, logo ele se torna conhecido e se tornando conhecido, é bom. Com isso cria-se o padrão, e tudo que não foge: Não é bom, claro!
De onde tiramos isso? Dos Slogans criados nas agências de propagandas, que pregam conceitos exclusivistas e, por vezes preconceituosos. E infestam toda mídia. O apelo à unanimidade, que referenda a qualidade (segundo esses slogans), não se restringe a apenas produtos, mas a tudo que é comerciável, como programas de televisão, (Você não assiste a novela? Não acredito!) cantores e bandas, (Você não gosta do Calipso?) inclusive as pessoas, (aqueles populares dos filmes americanos e nossos Big Brothers).
É sempre bom lembrar de que a pluralidade é muito bem vinda em todos os lugares e situações, até na área comercial e, também, da famosa frase de Nelson Rodrigues: Toda unanimidade é burra!

O preconceito poético

Posted: quarta-feira, 16 de setembro de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Sou poeta e grande leitor de poesia, gosto, também, de ler crítica sobre isso, mas tenho percebido, já há algum tempo, que alguns críticos estão confundindo gosto pessoal com qualidade poética, o que denuncia que a poesia ainda vive em grupos de amigos que ficam se bolinando mutuamente e pior ainda, na minha opinião, é que estão pregando a forma única, ou seja, querem que os poemas atuais sejam cópias de uns poucos já conceituados.
O linguista e professor Marcos Bagno, que é conhecido pelos seus livros que denunciam o preconceito social por meio da linguagem, não faz ideia de que esse preconceito está agora na poesia. Em algumas leituras percebo que aqueles que fazem poemas com uma linguagem mais simples e menos apurada são tachados de negligentes em relação à arte poética, o que achariam, esses críticos, dos poemas de Oswald de Andrade ou Mário Quintana se publicassem hoje?
Muitos críticos pregam o hermetismo poético, poema bom é poema ininteligível para a maioria. Eu não posso concordar, por minha militância na democratização da poesia. Democratização não é a facilitação. Não. É o convite através de uma linguagem mais simples, longe da simplória, àqueles que não têm o costume da leitura de poemas, ou usando um termo de um amigo meu: Pregar aos não convertidos. O meu sonho é que a poesia ganhe as ruas, de modo mais literal possível.
Não faço apologia à poema de má qualidade, descuidada, mas prego a diversidade de linguagem, já imaginaram as pessoas nos escritórios, nos salões de cabeleireiros, ou em qualquer outra parte conversando sobre poesia em vez de conversar sobre a novela das oito? Sonho? Se depender dos críticos sim, porque o preconceito social jamais permitirá que a poesia fosse algo popular e não de uma elite.

A Pirâmide da Opressão

Posted: sexta-feira, 11 de setembro de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores: ,
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Esclareço de antemão aos rebeldes: não amo o capitalismo nem os USA. O neoliberalismo é uma porcaria, assim como o McDonald's. O comunismo é melhor que o capitalismo. Aliás, Qualquer coisa é melhor que o capitalismo. Pronto. Visto que não sou reacionário, sigamos.
Estive observando em oportunidades fornecidas por meu cotidiano o quanto os aspirantes à marxista são insuportáveis. Digo "aspirantes" porque parece que quanto menos se lê Marx mais se entende Marx, e quanto menos um marxista lê Marx mais chato ele é. Sem falar na maneira ridícula como procuram camuflar incompetências com o vitimismo barato que lhes é próprio. Parecem velhas ociosas e infelizes que se reunem em grupo para falar mal do compotamento dos vizinhos enquanto não descolam as bundas de suas confortáveis cadeiras de balanço.
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As massas torcem por times de futebol. O que não é massa torce por partidos políticos.
E quem não torce por nenhum dos dois sofre pra caramba. É oprimido pelos oprimidos. Inclusive, não seria má ideia criar um partido que defenda os direitos dessa nova classe de oprimidos. Os mais oprimidos dentre os oprimidos, diga-se de passagem, pois estão realmente no fundo do poço, no mais baixo nível da base da pirâmide da opressão.

Colocaram o bigode de molho

Posted: quarta-feira, 9 de setembro de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Há muito tempo venho observando que os homens de hoje não usam bigode, há homens com barba, cavanhaque, mas o bigode sozinho é raro. O bigode está em falta!
Segundo alguns etimólogos, os povos visigodos que viviam na Península Ibérica usavam uma marca registrada: seus bigodes, assim surgiu a palavra bigoth (bigode) derivação de visigoth (visigodos) e com o tempo passou a se referir a penugem abaixo de lábio, mas, se tratando de etimologia, há controvérsias.
Lembro que na minha infância meu pai conhecia inúmeros Bigodes. Assim, apelido, quase nome próprio. Olá, Bigode, com está? Ó não esquece de mandar um abraço pro Bigode! Chegou o Zé Bigode!
Alguns entraram para a história e viraram modelos de outros tantos, como do cantor Freddie Mercury, sempre bem aparado, outros não tão volumosos, como o do Hitler e do Chaplin que eram pequenos, menores que a boca, porém forma marcantes. O bigode chinês, fino e comprido é muito famoso em filmes, o que Marcel Duchamp fez no retrato da Monalisa também é. Aliás, mulher de bigode é raro, mas existe, como também o dito popular que diz que mulher de bigode nem o diabo pode!
O bigode português também foi bem popular, era espesso e levemente ondulado para cima, geralmente era acompanhado por uma caneta atrás da orelha e uma camiseta branca. Já ia me esquecendo do mais famoso bigode do senado. E o que dizer do escovão de Nietzsche, esse sim era um senhor bigode, inigualável, impunha respeito aonde chegava
Apesar de estar fora de moda, o bigode é algo curioso, pelo menos para mim, era um símbolo de virilidade. Será que são esses novos tempos que fizeram os bigodes desaparecer? Talvez porque agora não é mais necessário algo que represente a masculinidade do homem moderno.

Noite de autógrafos de Fabiano Fernandes Garcez na Livraria Café e Cultura

Posted: domingo, 6 de setembro de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in
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Fabiano e Patrícia André e Roberta Villa

Noite de autógrafos de Fabiano Fernandes Garcez na Livraria Café e Cultura

Posted: by Fabiano Fernandes Garcez in
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Emmanuel Lisboa, Fabiano Fernandes Garcez e André Prosperi

O significado de uma palavra pode não ser o seu significado

Posted: quarta-feira, 2 de setembro de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Recentemente alguém me contou a história que tinha ido ao Museu do Imigrante e, não sei o porquê, precisava consultar algo na Internet, ali mesmo, quando viu uma placa que dizia: Sala de Navegação. Não teve dúvidas, entrou, mas qual não foi a sua surpresa? A sala simulava a navegação dos navios em que os imigrantes vinham para o Brasil, longe de ser o local para navegar nos mares da rede virtual.
O significado de uma palavra pode mudar em uma determinada região ou no decorrer do tempo, um exemplo é a palavra Interessante, antes era usada exclusivamente para dizer que algo interessava por ser curioso, importante, atraente, porém, hoje, quando escutamos que algo é interessante pode ser justamente o oposto, que é razoável, apenas mediano, sem graça ou pior ainda, maçante, entediante.
O grande escritor João Guimarães Rosa, que tem um dos melhores nomes de nossa literatura, escreveu em um dos seus contos, o problema de um médico para explicar a um cangaceiro o sentido da palavra: Famigerado, dita a ele por um homem do governo. O narrador vê que o destino do pobre servidor está em suas mãos e cabe a ele escolher bem as palavras para dizer ao jagunço a real acepção da palavra, de modo que não coloque em risco a sua vida e a do maledicente.
Quase todas as palavras têm inúmeros significados, às vezes deixamos alguns de lado ou apenas nos lembramos dos mais utilizados no nosso cotidiano. Foi o caso da navegadora do museu, que esqueceu que navegar se referia ao embarcar rumo a algum lugar em um navio, contudo ao confundir o valor semântico das palavras, em linguagem de dia de semana, viajou na maionese, que é um termo muito interessante.

A certeza da inexistência da inspiração

Posted: quarta-feira, 26 de agosto de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Alguns dizem que o que move o artista é a inspiração, porém diferente de muitos, sei que ela não existe. Se existisse seria fácil demais criar algo, bastava esperar sua graça para que um artefato, uma pintura, uma escultura, ou até mesmo uma crônica surjisse. Caso contrário não seria culpa sua, a inspiração é que lhe faltou, mas não é bem assim. Segundo uma frase do iluminado inventor Thomas Edison: “A genialidade é 1% inspiração e 99% de transpiração".
Comecei a escrever meu texto sobre a descriminalização da maconha na Argentina, fiz umas 180 palavras, estava horrível, parecia redação de aluno primário, então a apaguei. Depois iniciei outra sobre algo que adoro e recorro sempre quando não tenho o que escrever: As curiosidades de nossa língua. Mas não saí do primeiro parágrafo, essa não apaguei, também não corrigi os erros, sem o termor do produto inacabado, aqui está:

Já reparou, caro leitor, que nossa língua não é lógica? Existem algumas coisas interessantes que não me tiram o sono, porém me colocam em profunda reflexão. Ao analisarmos algumas expressões cotidianas, exemplo: Sabor de pizza. Como alguma coisa pode ter sabor de pizza se a pizza é um alimento de diversos sabores? Alguns poderiam dizer que é o sabor da pizza original, ou seja, molho de tomates, queijo e orégano. No entanto se ligarmos para uma pizzaria e pedirmos uma pizza, a original, logo escutaremos um: de quê?

Assunto não me falta, poderia escrever sobre a Gripe Suína, a guerra das TVs, o Senado, ou muitas outras coisas, acontece que quero escrever algo não genial, mas diferente das informações das quais somos massacrados diariamente pelos meios de comunicação de massa, contudo pela inexistência da inspiração acabei transpirando para escrever sobre minha incapacidade de criar uma crônica.

O clima louco de São Paulo

Posted: quarta-feira, 19 de agosto de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Meu pai sempre disse que em São Paulo em um mesmo dia temos as quatro estações. Não é para tanto, mas em alguns dias devemos estar preparados para tudo, por exemplo: você deve sair de casa com uma blusa ou uma jaqueta, porém com uma camiseta leve por baixo, porque ao meio-dia vai estar um calor insuportável, lá para o final da tarde chove, por isso um guarda-chuva é importantíssimo e no início da noite esfria novamente.
Quando trabalhei em uma empresa eu ia quase todos os dias a um departamento público na Marginal Tietê, no meio da manhã, entrava no carro e deixava o terno no banco de trás, dez minutos depois, ao encontrar o trânsito e o sol, a gravata ia para o banco ao lado, arregaçava as calças até os joelhos, um pouco mais de sol e trânsito lá se iam os sapatos, depois as meias, a camisa que já estava aberta e suada nas costas ia para o banco traseiro, chegando ao local era só se vestir novamente e correr para uma sala com ar condicionado.
Às vezes o que mais me chama a atenção é a maneira bem peculiar de se vestir de alguns. Além de ver botas e chinelos caminhando juntas, pessoas de sobretudo lado a lado com outras de bermuda e camiseta, tudo no mesmo ambiente. Sem contar as combinações mais surpreendentes: camiseta sem mangas com cachecol ou touca de lã, bermuda e jaqueta e o novo acessório: óculos escuros, mesmo na chuva ou à noite.
O paulistano é tão caótico em sua vestimenta quanto o clima de sua cidade, já deve estar acostumado passar frio e calor em um só dia, por isso mesmo não deve se importar de estar ou não com a roupa adequada.

Senhor reality show

Posted: quarta-feira, 12 de agosto de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Em quase todos os canais da TV aberta existem os Reality Shows, alguns criticam, outros (como eu) ignoram, mas na realidade eles existem e são assistidos por muitos que não têm o que fazer. São de vários estilos como de sobreviver dentro de florestas, enfurnados dentro de uma casa ou concorrendo a uma vaga de emprego.
Essa praga televisiva começou nos EUA (onde mais?) em 1973 e se espalhou pelo mundo afora, aqui no Brasil o primeiro estreou em 2000 e só neste mês temos cinco desses programas nas telinhas tupiniquins. O grande problema desses shows não é o programa em si, mas no que se tornam os participantes que são pessoas anônimas até então. Uns viram atores, outros apresentadores, tentam virar cantores, mas todos são tratados como celebridade, porém isso é assunto para outra crônica.
A maioria deles tem em comum é o fato de serem escolhidos dois participantes e a audiência vota em um para eliminá-lo, este sai do programa. Nessas votações são excluídos, geralmente, aqueles que são encrenqueiros, fofoqueiros, brigões ou preguiçosos, desde que não abaixe os índices de audiência do programa. Aliás, alguns dizem que nada no programa é verdadeiro, até as brigas são roteirizadas pela produção.
Proponho adotar esse estilo de reality show sem as manipulações (é claro) lá no senado o que acham? Dos 81 senadores escolheríamos dois por semana, segundo os critérios o parágrafo anterior, e a população votaria em um que seria eliminado, já que eles não são competentes suficientemente para isso, nós faríamos, falando por mim, com muito prazer.
Só nessa última semana teríamos três para escolher apenas dois, seriam o atual presidente do senado José Sarney e os brigões Renan Calheiros e Tasso Jereissati. Assim uniríamos o útil ao divertido. Devo encaminhar a proposta à alguma emissora?

Mito e Realidade

Posted: terça-feira, 11 de agosto de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in
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Nos dias 15 e 22 de agosto o projeto Diálogos, leituras contemporâneas debruça-se sobre o mito e sua função, uso e pertença na sociedade contemporânea. Para tanto se encontram Emmanuel Guimarães Lisboa e André Prosperi, ambos levantarão questões sobre o mito, porém Lisboa partirá das reflexões de Mircea Eliade e Karen Armstrong para debater textos que confirmem o mito como um estatuto de nosso tempo. Prosperi, por sua vez, aludirá à filosofia de Francis Bacon para compreender as impossibilidade do mito no mundo em que vivemos.

Os encontros serão às 14h no anfiteatro Pedro Dias Gonçalves na Biblioteca Monteiro Lobato – centro de Guarulhos. Maiores informações no telefone: 2087-6900.

A força vital é a vontade de viver

Posted: quarta-feira, 5 de agosto de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Há alguns anos assisti uma entrevista de Oscar Niemeyer para o Roberto D´Avila e quando ele disse que precisava encerrá-la, porque teria aula de filosofia, fiquei surpreso. Na ocasião Oscar estava, – se me lembro bem –, com 97 anos. O cara era o maior arquiteto brasileiro, um dos maiores e mais influentes do mundo e ainda precisava estudar?
Aquilo me desconcertou, estava eu com vinte poucos anos e sempre gostei dos estudos, mas também curtia os prazeres do ócio. Após a entrevista fiquei pensando o que impelia Niemeyer a continuar estudando aos 97 anos? Suas obras eram conhecidas e reconhecidas no mundo todo, já tinha alcançado o ápice em sua carreira, já tinha feito fortuna. Convenhamos uma pessoa aos 97 anos depois de atingir todas as expectativas de sua vida mereceria apenas descansar.
Com o passar dos anos descobri o motivo de Niemeyer estar com, hoje, 102 anos e ainda na ativa, é a vontade de viver, e ele mostra essa vontade, vivendo, ou seja, continua fazendo as coisas que lhe dão prazer.
Outro que me deixou perplexo e, confesso, emocionado foi o nosso vice-presidente José Alencar, de 77 anos e que luta contra um câncer há 12. Alencar já passou por 14 cirurgias, só este mês por 2, mas mesmo assim se mostra perseverante e confiante na vitória contra a doença.
Talvez o que motiva Oscar Niemeyer motiva José Alencar, é a força vital.Viver entrando e saindo de hospitais, fazendo tratamentos há 12 anos é necessário muita vontade. A vontade de viver de cada um de nós é do tamanho de nossos sonhos e de nossa disposição para trabalhar, só vivemos se temos um motivo, um porquê e diferente do que pregam as novelas não é o amor é o trabalho.

Brasileiros e brasileiras

Posted: quarta-feira, 29 de julho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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O José Sarney, presidente do Senado, ex- da República e membro da Academia Brasileira de Letras (?), está sendo acusado de inúmeros crimes. Segundo o jornal da MTV é culpado até pela morte de Michael Jackson para que todos parem de falar dele.
Brincadeiras (ou não) à parte, o último crime de Sarney é ter arrumado uma vaguinha no Senado para o namorado da neta, cujo pai também está envolvido em escândalos. A imprensa chegou até a divulgar os telefonemas da negociata.
Isso deu mais pano para a manga do senador, mas encontro um problema, não do Sarney, mas da população, quem nunca arrumou emprego para um parente? Quem nunca foi empregado por um parente? Isso na língua do povo é chamado de QI (Quem Indica). Não se engane leitor não faço defesa do bigodudo não, acho que ele e toda sua corja de parentes que mandam e desmandam em dois estados da federação devem ser punidos e banidos de uma vez por todas da política brasileira.
O que me irrita é que há coisas que todos sabem que existem, mas quando caem na mídia é uma grande novidade, algo parecido aconteceu quando o Ronaldo (na época jogava ainda no Cruzeiro) afirmou ter comprado sua carteira de motorista e todos ficaram surpresos com isso.
Novamente digo que não o defendo, mas se é errado empregar um futuro genro no senado, isso é chamado de Nepotismo, também deve ser errado para as outras pessoas, mas para eles é o famoso jeitinho brasileiro.
Acho eu que para que o nosso país seja realmente justo, deve-se começar de baixo para cima, ou seja, um povo honesto pode exigir vereadores, deputados, governadores, senadores e presidentes honestos e uma imprensa que não se escandalize com casos conhecidos por todos brasileiros e brasileiras.

A raiva

Posted: segunda-feira, 27 de julho de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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De todos os sentimentos que o homem criou, poucos vieram a ser tão convenientes quanto a raiva. Despejamos o diabo sob forma de palavras e atos, sobre quem quer que seja, e passado algum tempo basta arguirmos "Estava com muita raiva!" e o outro nos dirá "compreendo", com a compreensão de quem sofreu com a morte da lebre mas compreende a lógica da cadeia alimentar, absolvendo de imediato a raposa. No entanto, deixamos de perceber que a raposa não causou mal à lebre. Ela comeu a lebre, como resultado da fome e da citada lógica da cadeia alimentar. Motivo de espanto seria obsevar a raposa trazer uma lebre amarrada ao rabo e passar a arrastá-la por terrenos pedregosos até sentir-se saciada. O único mal gratuito é causado pelo homem. Mas não trato aqui da peçonha, e sim da cobra.
Uma vez descoberta a capacidade de agir de forma irracional, tratou o homem de encontrar, tão logo, uma justificativa racional ao ato puramente irracional. E encontrou tal justificativa na raiva, muito embora nem toda a raiva resulte em atos imbecis. Mas todo o ato imbecil é mais compreensível quando resultado de um surto raivoso. Pois não é permitido ao homem agir sem lógica ou afirmar coisas sem sentido, mas em dados momentos torna-se necessário, é quando raiva nos dá a oportunidade única de apreciar a liberdade absoluta de nossos atos questionáveis.

Literatura em Questão

Posted: sexta-feira, 24 de julho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in
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A Biblioteca Municipal Monteiro Lobato promove no próximo sábado, dia 25, às 14 horas, mais uma palestra do projeto Literatura em Questão, nesta edição terá como tema a obra A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós. O professor de Literatura Fabiano Fernandes Garcez, discorrerá sobre a tese e as antíteses da obra, dando enfoque às diversas leituras e interpretações do texto. A entrada é gratuita.
A cidade e as Serras de Eça de Queirós, publicado em 1901, é mais uma das obras indicadas para os vestibulares da FUVEST, PUC e Unicamp. O livro compara a vida simples das Serras de Portugal com a luxuosa, mas frívola de Paris, a partir da história de Jacinto que defendia a tese: “O homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado”.

Entrada franca.
Biblioteca Municipal Monteiro Lobato
Rua João Gonçalves, 439, Centro - Guarulhos

As faces do nosso INHO

Posted: quarta-feira, 22 de julho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Algumas coisas na língua portuguesa são realmente interessantes, e uma delas é o diminutivo. Usamos esse recurso para indicar que algo (um substantivo) é menor que o normal, porém com o sufixo a palavra fica maior para indicar o menor, por exemplo: para a palavra MENINO ao colocar o sufixo INHO que indicará um menino menor temos uma palavra maior MENINHO.
Existem outros sufixos, não são muito comuns é verdade, mas existem, veja só como ficam: Casa, Muro, Pedra, Rio, Cão, Corpo, Diabo, Flauta e Frango: Casebre, Mureta, Pedregulho, Riacho, Canito, Corpúsculo, Diabrete, Flautim e Frangote. Lembrando que alguns sufixos chegam a mudar a palavra original, você sabia que o diminutivo de Cão pode ser também Cachorro? Isso é uma questiúncula (para quem não sabe diminutivo de questão.
Às vezes, o diminutivo nos serve para indicar afeto também. Quem já não teve o prazer de ser convidado para conhecer o Irmãozinho de uma namorada, chegando lá o cara tem quase dois metros de altura e dois de largura? Ou como todos já alguma vez ouviram de bocas baianas o famoso Paiiiiinho ou a santa Mãeiiiinha. Também utilizamos o diminutivo para indicar ironia, como por exemplo, em um estádio de futebol que gritamos para o time adversário: Timinho, Timinho! Porém se você, leitor, um dia me disser: Leio suas croniquinhas, não saberei se o diminutivo foi empregado para indicar a ironia (você não gosta de minhas crônicas) ou o afeto (você gosta delas), aí então terei um probleminha.
Mas o que mais me fascina é quando usamos o diminutivo para indicar o aumentativo, é isso mesmo! Então me responda o que é mais quente: Um café quente ou um café quentinho? Ou melhor ainda, o que é mais gelado: Uma cerveja gelada ou uma cerveja geladinha?

Nós...

Posted: domingo, 19 de julho de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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Diálogos de Julho, ética e ideologia no nosso tempo

Posted: quinta-feira, 16 de julho de 2009 by Emmanuel G. Lisboa in
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No próximo sábado, dia 18 de julho, na Biblioteca Monteiro Lobato acontece o encontro do projeto Diálogos, a conversa deste mês passa pelos conceitos de ética e ideologia no mundo contemporâneo. Tomando por base trechos do filme Gata em Teto de Zinco Quente de Richard Brooks adaptado do texto de Tenesse Williams os professores Ricardo Klausiaitiz e Emmanuel Lisboa questionam a possibilidade de relações éticas num mundo em que a ideologia é multifacetada. Nas abordagens teremos contribuições oriundas da psicanálise, campo em que Klausiaitiz transita, e dos estudos culturais onde Lisboa concentra suas pesquisas. O encontro acontece às 14h no auditório Pedro Dias Gonçalves da biblioteca Monteiro Lobato.

Os descaminhos das lojas de luxo

Posted: quarta-feira, 15 de julho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Há um antigo ditado: Dinheiro não traz felicidade. Algumas pessoas completariam: Mas manda buscá-la. Depois da primeira prisão de Eliana Tranchesi em 2005, por importações fraudulentas ou o descaminho, hoje, na verdade ontem, foi a vez de Tania Bulhões.
Além do crime, as duas têm em comum serem donas de lojas de artigos de luxo em São Paulo, Eliana é dona da Daslu, loja que vende artigos que vão desde roupas de grifes internacionais até apartamentos (?). Já Tania é dona de duas lojas uma de móveis e decorações, outra de perfumes.
Nesse caso duas coisas me chamam a atenção, a primeira é que sempre que a mídia, principalmente a escrita, quando menciona os casos ela coloca o advérbio “supostamente” antes dos crimes cometidos, a segunda é o fato de Tranchesi, mesmo sendo condenada a 94 anos, ainda não está atrás das grades. Talvez pelo fato de ser rica e assim tem condições de contratar ótimos e caros advogados que sempre conseguem um habeas corpus aqui outro ali, alguns vem até de madrugada. Será que nosso poder judiciário faz serão em determinadas noites? Por que quando os pobres são presos não têm o mesmo tratamento da mídia, a eles não é dado o benefício da dúvida, nunca lemos “supostamente”, nem dos nossos zelosos juízes? Talvez a resposta já foi dada: São pobres e por isso não podem fazer contrabandos, não podem se beneficiar de empresas de fachada, pois para isso é que existem nossas rigorosas leis.
Os otimistas diriam “É foi presa isso prova que o Brasil está mudando”, os pessimistas e os realistas concordariam “Ela é rica não vai ficar”.
Dinheiro realmente não traz felicidade, mas pode comprar alguns artigos de luxo como: juízes ou respeito e admiração da coluna social ou policial.

Por que precisamos tanto de um rei?

Posted: quarta-feira, 8 de julho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Hoje em dia são poucos países cuja forma de governo é a monarquia, ainda mais por que nas monarquias que existem a figura do rei é apenas alegórica, então por que precisamos encontrar um rei para tudo? Será nosso passado ancestral falando mais alto? Será que não nos acostumamos viver sem uma figura central que nos represente, não só governamentalmente, mas em tudo: naquilo que somos, naquilo que gostamos...
Já perceberam quantos reis sem reinos que já ouvimos falar? O da moda é o Rei do Pop, mas ainda há o Rei do futebol, o Rei do basquetebol, os Reis do ie-ie-ie, o Rei do Rock, o Rei do Soul, o Rei Lagarto, ainda na música – só que na brasileira –, temos o Rei Roberto Carlos, o Rei do baião, Gilberto Gil, em Domingo no parque, criou o Rei da brincadeira e o Rei da confusão, entre outros reis que fizeram sucesso em músicas temos o Rei do Gado e o Rei do café. Isso sem contar outros títulos monárquicos como príncipes e rainhas, por exemplo, o Príncipe Ronnie Von e a Rainha dos baixinhos.
É comum algumas lojas se auto-entitularem reis naquilo que fazem, rei do algodão, rei das carnes, rei do preço baixo, rei disso, rei daquilo outro... O leitor pode de cabeça e sem pensar muito aumentar a lista de reis. Como em algumas expressões: o Rei da cocada-preta e o Rei dos reis.
O porquê dessa nossa necessidade de um rei, não sei, mas é um assunto interessante para um longo estudo, talvez isso se deva, realmente, a nossa busca por uma representatividade, coisa que a mídia adora, porque ela ganha muito dinheiro com isso. Enfim, rei morto, rei posto. Vida longa ao novo rei – seja ele quem for!

José Fica Quieto

Posted: terça-feira, 7 de julho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in
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Criação: Claudio Fernandes Garcez

O poder da música

Posted: quarta-feira, 1 de julho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Com a recente morte do Astro Pop Michael Jackson, jornais e sites noticiam que as vendas de seus albúns aumentaram e muito. Seria isso apenas oportunismo? Acho que não, pois o poder da música em nossas vidas é muito grande, tão grande que agora a ciência tentar entender e explicar esse fenômeno.
Segundo os cientistas, o cérebro usa a música como um marcador da memória emocional, ou seja quando ouvimos uma determinada canção lembramos-nos de pessoas com quem convivemos ou de situações de que passamos. Um bom exemplo disso, foi quando assistindo ao jogo do Brasil vi a notícia da morte de Michael Jackson e na hora pensei em alguns parentes, que não vejo há muito tempo, em Minas Gerais, é que, quando eu era pequeno, cerca de oito ou nove anos, ia passar as férias em Pouso Alegre e lá minha prima que é um pouco mais velha que eu tinha um compacto de Michael e toda vez ouvíamos juntos. Meu cérebro associou Michael Jackson a Pouso Alegre, interessante né? Mas tudo isso é inconsciente.
A música também é usada para criar laços sociais, nossos ancestrais usavam cantavam em rituais de celebração, tristeza e guerra, até hoje é assim, usamos o poder do ritmo musical para formatar a sincronização, em estádios de futebol, bailes funk, carnaval, trio elétrico ou outros locais de aglomeração de gente. Ao cantar é criado uma unidade entre elas, é como se todas fossem uma coisa só, estivessem sob do mesmo sentimento.
Muitos compositores renomados usaram sua música para impelir ou engajar pessoas a uma causa, caso do próprio Michael ao encabeçar o projeto USA for Africa com a música We are the world.
Por enquanto o mais importante a saber que a memória musical é a nossa fonte da juventude.

A Alcácer-Quibir de Muricy

Posted: quarta-feira, 24 de junho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Por que precisamos sempre nomear uma única pessoa pelo sucesso ou insucesso de alguma coisa? No futebol temos heróis e vilões todos os finais de semana. A bola da vez é o técnico Muricy Ramalho, recém demitido do São Paulo Futebol Clube e culpado por ser desclassificado do Campeonato Paulista e da Libertadores.
Tenho comigo que isso se dá, talvez, pela herança de nossa colonização portuguesa, o português é um povo saudoso e messiânico. O messianismo português está centrada na figura de Dom Sebastião, rei que liderava o exército luso e desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578, foi, e é esperado ainda hoje por alguns, para conduzir o povo português rumo ao Quinto Império. Jesus Cristo é o Messias do povo cristão, existem até algumas placas dizendo: Jesus está chegando ...
O mais interessante que essa “filosofia” acaba por influenciar todos os setores de nossa vida, esperamos sempre alguém para resolver os problemas, um salvador, que pode ser um prefeito, um governador ou um presidente, na época de eleição isso fica nítido, quando percebemos como o povo defende seus candidatos, ou nas manifestações calorosas e regadas à lágrimas como foram de Lula e de Obama, recentemente, mas pode ser um empresário que vai resolver os problemas financeiros de uma empresa, pode ser um homem para resolver os problemas de uma mulher ou vice-versa e assim por diante.
Acho que isso é o maior problema brasileiro, por que quando ficamos à espera de um salvador para limpar a nossa bagunça, esquecemo-nos que os problemas pode ser resolvido por nós mesmos.
No futebol esse messianismo, me parece, mais forte, até da imprensa especializada, espera-se sempre um Dom Sebastião travestido, principalmente, de outras faces: Romário, Ronaldo, Kaká, Robinho, Parreira, Felipão, Muricy Ramalho, e por que não Ricardo Gomes?

Leitor, quem fala a verdade?

Posted: sexta-feira, 19 de junho de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores:
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o Poeta.

não se enverga
não se vende
não se deleta

Nele há toda sina de ser sempre semente
com o som subvertido em fôlego
com a luz trasgredindo o prisma
- dele é toda lira.
Vagabundo filho do esmero
o verso é tua família

O poeta é o ser vivente sem função final ou pretexto
Palavra é matéria prima sem mais valia, com mais segredo

O poeta é o sujeito templo
- seus sinos soam transcendência
O poeta, sujeito do tempo
- ao centro seu relógio
é vanguarda e anacrônico
A palavra é tempo-signo
- de fabulosa arquitetura
O poeta é filtro no tempo
- absorve, vela o contexto
A palavra sujeita ao tempo
- inverte significados
converte paradigmas

A palavra infinita-se neste infinito, corre e transpassa o medo
O poeta finda neste finito: morre, mas nos deixa o texto.

A violência da não violência

Posted: quarta-feira, 17 de junho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Durante o feriado, assisti ao filme Mollière cujo um dos temas era o conflito de um conde que tinha título, mas não tinha dinheiro, tentava arrumar um casamento para seu filho com a filha de um comerciante que tinha dinheiro, porém não possuía título algum.
No domingo, fomos, eu e minha família, levar minha sobrinha para sua casa que fica em um condomínio fechado, ao sair um dos moradores veio em direção ao meu carro, colocou o braço para dentro e bateu em minhas costas dizendo que ultrapassei a velocidade de dez quilômetros por hora. Achei que era brincadeira, lógico, só isso justificaria tamanha ousadia, fiquei olhando pelo retrovisor à espera de reconhecer o cidadão e, também, à espera de ele vir me cumprimentar, com um sorriso no rosto e dizer algum nome ou lugar familiar. Ainda acreditando se tratar de uma brincadeira, perguntei sobre a existência da placa de dez quilômetros, só ao ver o andar agitado do cidadão percebi que o negócio era sério.
Então me senti agredido, quem deu lhe direito de entrar no meu carro, minha propriedade, e tocar em mim? Estacionei, nisso meu cunhado e outros moradores apareceram por lá e o guarda/morador/agressor simplesmente disse não ter feito nada.
As coisas ainda não se resolveram, mas me sinto feliz por não ter revidado a agressão, coisa rara hoje em dia. Não revidei por perceber tarde demais que o lance era sério, mas isso foi muito bom, porque não gostaria que minhas filhas, que ouvem de mim que a violência sempre é desnecessária, presenciasse minha incoerência.
Não é o fato de morar em um condomínio de luxo te faz ter educação, classe e fineza, o fato de agir com a não violência, às vezes, é a maior violência que se comete.

Meu Direito à Idiotice

Posted: quinta-feira, 11 de junho de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores: ,
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Venho publicamente defender meu inalienável direito de ser idiota. O faço baseado em preceitos elaborados por vocês, intelectuais e eruditos, defensores da liberdade de escolha e o caralho à quatro. Vejam, eu, que sou idiota, pressuponho que, se sou livre para escolher, sou livre para não escolher. Ora, de outra forma seria refem de minha própria liberdade, pois seria OBRIGADO a escolher a liberdade de escolha. Mas vocês não defenderiam uma ideia de liberdade tão idiota, pois, se assim fosse, eu, que sou idiota, seria mais mais livre que vocês.
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Digam vocês o que devo fazer, mas não me digam "faça o que tu queres" pois isso não é ordem nem conselho. Já sei, querem que eu, idiota, leia suas poesias, seus livros, seus artigos, quando sequer vocês, intelectuais, o fazem? Mas a poesia, os livros, os artigos que escrevem não são para idiotas. Então querem que eu deixe de ser idiota? Mas sou livre, e a idiotice é um direito meu. Além do mais, não me incomoda. Incomoda a vocês? Aprendam a lidar com o incômodo. Então tudo bem, posso ser idiota. Conto finalmente com o consentimento de vocês. Sendo assim, guardem para os não-idiotas as coisas não-idiotas e respeitem meu direito!

André Prosperi

O inútil útil

Posted: quarta-feira, 10 de junho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Há algumas coisas interessantes nesse nosso mundão, uma delas é o que caracterizamos útil ou inútil, prefiro a definição da segunda: (1 Que não é útil, que não tem préstimo (despesa inútil); DESNECESSÁRIO. 2 Infrutífero, estéril, vão (esforço inútil). 3 Que nada faz ou produz (diz-se de pessoa); IMPRESTÁVEL.) do Aulete digital.
Quando criança nunca fui um aluno brilhante, sempre fui, assim, seis ou sete, a matemática, química ou física, que me diziam ser útil, para mim, era inútil, mas sempre fui de ler bastante, principalmente, livros infanto-juvenis (aquela série Vaga-lume, até a minha época li todos, menos os que eram do Xisto que eu odiava) e romances policiais: Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle (o autor de Sherlock Holmes), quadrinhos do Batman, Super-Homem, Homem Aranha e revistas sobre Ufos, tudo isso seria considerado inútil sob um manto de cultura clássica, se posso assim dizer.
Depois que cresci adquiri novos hábitos, como ler alta literatura e escutar boa música, à medida que minha biblioteca e minha discoteca, na época eram os Lp´s, iam crescendo, minha mãe falava que eu só gastava dinheiro com bobeiras, ou seja, coisas inúteis. Percebo que minhas raízes culturais foram fincadas ali, quando preciso de uma referência geralmente é de algo que tive contato nessa fase, lógico que isso não é regra, mas tenho certeza que se não tivesse lido o que li, escutado o que escutei não teria as ideias, as opiniões que tenho e, principalmente, não seria o que sou hoje.
Talvez ainda não saiba diferenciar o útil do inútil, mas sei o me que foi e é útil, foi e é considerado inútil para muitas pessoas e que hoje não troco o meu inútil e o meu útil por nada, ainda mais sabendo que o meu inútil é útil.

Ronaldo e peitinho...

Posted: quarta-feira, 3 de junho de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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O riso traz inúmeros benefícios para nossa vida, além da sensação contagiante de bem estar, melhora o fluxo sanguíneo, reduz o estresse, estimula os músculos da face, costas e do abdômem e aumenta a criatividade e a imaginação. O grande problema é quando se tem o riso a partir de chacota, grosseria e desrespeito para com outras pessoas, e, principalmente, quando isso parte de “humoristas” – como se fosse fácil ser humorista -, de programas de televisão.
Esses programas, infelizmente, são assistidos por muitas pessoas. Aqueles realmente bons não são. Já repararam? Por quê? Mas não posso dizer por aí que sou contra esses programas, pois irão me tachar, primeiramente, como chato, rabugento, ranzinza, mal humorado e, depois, de antidemocrata. Dirão, eles, para mim “Onde anda a liberdade de expressão?” Então, pergunto: “Qual o tipo de contribuição desses programas para a sociedade brasileira?” Nenhuma, pelo contrário, não trazem informação nem conhecimento, apenas a alienação.
Todos se mostram preocupados com os problemas que assolam nosso país, nosso tempo e nosso mundo, porém uma grande parte de nossos jovens que vão herdar todos esses problemas, sequer sabem da existência deles, mas repetem os bordões de personagens e apresentadores desses educativos espetáculos televisivos, repetem como os papagaios fazem, muitas vezes por dia e sem o mínimo de reflexão a respeito do que sai de suas bocas, até mesmo porque não há muito para se pensar.
A justificativa para isso está nos benefícios do riso, concordo com que todos nós devemos rir e muito, mas não de tudo, pois a linha que separa a felicidade da bobeira, a alegria da idiotice não é muito extensa, enquanto uns riem, nós que realmente nos preocupamos com o futuro de nosso país e de nossos jovens só nos resta chorar?
Ronaaaallldo... Peitinho... Ah há há!

Diálogo imáginário com Zé Rodrix

Posted: quarta-feira, 27 de maio de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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- Cumpadre meu, o meu coração me chama, pra dizer que você regressou.

- Conheci um velho vagabundo, que andava por aí sem querer parar, quando parava, ele dizia a todos, que minha vida não acabou, ela tem um lugar no cometa em direção a nova era... Outra vez na estrada, mais uma vez !

- O pó da estrada brilha nos meus olhos, como as distâncias mudam as palavras na minha boca ...

- Só espero a hora, nem que o mundo estanque, prá me aproveitar do conforto de não ser mais ninguém. Eu vou virar a própria mesa, quero uivar numa nova alcatéia, vou meter um "marlon brando" nas idéias e sair por aí, prá ser Jesus numa moto ...

- Você não sabe nem vai saber, que sem você pouca coisa sou, sou pó rasteiro, capim no chão, água sem ribeirão.

- Dentro da baleia a vida é tão mais fácil, nada incomoda o silêncio e a paz, quando o tempo é mal, a tempestade fica de fora, a baleia é mais segura que um grande navio.

- Às vezes nem todo o dinheiro do mundo, vale a revelação da triste certeza, de estar sozinho à mesa.

- Eu tô doidin por uma viola de doze cordas e quatro cristais, pra eu poder tocar lá, esse meu blues de Minas Gerais e o meu cateretê lá do Alabama, mesmo que eu toque uma vezinha só!

- Quero que voce me faça um favor, já que a gente não vai mais se encontrar, cante uma cançao que fale de amor e seja bem facil de se guardar...

- Adeus Remanso, Casa Nova, Santo Sé! Até mais ver, sertão! Eu descobri e acho que foi a tempo que hoje ainda é dia de rock!

O Caso Maísa

Posted: terça-feira, 26 de maio de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores: ,
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Também quero demonstrar minha indignação a respeito do "Caso Maísa". Pôxa vida, onde estamos mirando o futuro de nossas crianças? Aliás, o que estamos fazendo do presente da infância de nossas crianças enquanto tais? Onde já se viu? uma menina com apenas sete aninhos de idade, inteligente, carismática e etc. sendo já explorada pelo mercado de trabalho e suas artimanhas. Isso sem levar em consideração os diversos percalços inerentes à exposição midiática. Mas ainda bem que podemos contar com nosso Ministério Público doTrabalho que, ao tomar ciência do ocorrido, prontificou-se a processar os elementos responsáveis pelo tão grave constrangimento sofrido pela vítima (a menina). Imaginem o que aconteceria se providências desta espécie não fossem tomadas, o que seria de nossos pimpolhoss se não ostentássemos uma justiça tão eficaz? Certamente veríamos, não raro, crianças a pedir esmolas, a vender balas e o corpo em semáforos (imaginem que absurdo!). No entanto, o "Caso Maísa" nos nos tranquiliza e nos permite dormir em paz, seguros de que a integridade de nossas crianças está sob bons olhos.

Meu direito ao mal

Posted: sexta-feira, 22 de maio de 2009 by Emmanuel G. Lisboa in Marcadores:
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Dias desses fui a uma loja de rodas para fazer alinhamento de um veículo, como dentro do recinto não era permitida, por razões de segurança, a inserção de monóxido de carbono nos pulmões, mais pela brasa do que pelo monóxido, fui à frente da loja para fumar. Ali, sobre a calçada fui interpelado por um automóvel prateado, contendo dois sujeitos engravatados e com jeito de donos de uma polpuda renda, estes me questionaram sobre a localização exata do fórum da cidade. Prontamente lhes indiquei, e eles seguiram viajem depois de muitos agradecimentos.
Mais tarde, naquele mesmo dia e já sem automóvel, estava em um bar, lá encontrei um amigo que é policial e havia parado ali para tomar uma cerveja depois de um longo e exaustivo dia no fórum. Este, relatou-me seu dia, esteve no fórum por ocasião do julgamento de um perigoso criminoso, julgamento este bastante atrasado devido a não chegada dos promotores que apareceram apenas duas horas depois do combinado.
Mesmo que os homens ajudados por mim não sejam os promotores. Até porque se forem, prefiro que não o sejam, para minha reflexão ter alguma graça. Vi no acontecido do dia e no excesso de álcool, uma razão para refletir e é o que divido com aqueles que não têm com quem transar, estão sem dinheiro para beber, ou procuram uma leitura diferente, o textículo que segue.
Sou um fumante convicto, inveterado e apaixonado por essa descoberta indígena de folhas (perceba bem a beleza do adjetivo) oblongas e macias recheadas de nocotina. Gosto de todos os tipos de tabaco, cachimbo, charuto, cigarros por fazer e os industriais, em suma sou fumo amante. Ouço há anos que o cigarro é capaz de matar, penso muito nisso, e creio que quem mata é a vida, pois nunca soube de algum morto que tenha morrido depois de morto, eles sempre morrem quando estão vivos. Consoante, partamos do a priori (alguém que ler isso me diga porque todo mundo, menos o Kant escreve a priori usando itálico) de que o cigarro, coitado, mata. Se realmente ele mata, não vivemos numa (agora vem a piada) liberdade, ou democracia, (termina a piada), e se vivemos num sistema destes não temos o direito a escolha. Vejamos algumas escolhas a que dizem termos direito:
1 – o casamento: selecionamos numa gama múltipla a pessoa com a qual desejamos dividir nossa casa, nossa vida e nossas responsabilidades;
2 – os governantes: selecionamos cuidadosamente entre inúmeros candidatos aqueles que irão governar nosso país, estado, município e até condomínio;
3- a residência: escolhemos onde iremos morar conforme nossas condições financeiras, sociais;
Essa lista é enorme, escolhemos até mesmo a compra daquilo que não queremos comprar. Mas na nossa democracia, nos é cerceada a escolha última, não podemos escolher, como viveremos nossa última certeza, temos de morrer de qualquer coisa, exceto daquilo que quereríamos morrer é nos proibido fumar – como já dizia o Robertão. Nesta toada, os programas de televisão, os jornais, as emissoras de rádio, os cantores populares, os maus escritores, as professoras primárias, os acadêmicos e outros seguimentos sociais, promulgam nosso não direito a morte, apontando um monte de males do cigarro, males que qualquer alfabetizado sabe quais são. Tal raciocínio me leva a apontar razões para se fumar.
a) O cigarro é um agregador social: entre os fumantes existe certa cumplicidade inexistente nos restante da vida moderna. Um fumante olha para o outro de um jeito diferente, são próximos uns aos outros e quando se reúnem para fumar estabelecem diálogos producentes, que dificilmente seriam estabelecidos frente ao ocupado público de não fumantes.
b) Os fumantes são mais informados: devido à quantidade de informação presente em nosso tempo, ninguém é capaz de ler todos os jornais, blogs e sites, assim cada fumante, em sua ação coletiva, troca as informações que possui com os outros fumantes e recebe daqueles a informação que eles detém.
c) Os fumantes são criativos: a literatura prova isso, Sartre, Guimarães Rosa, Álvares de Azevedo, Clarice Lispector, Murilo Rubião, mais recentemente Claúdio Willer e muitos outros são grandes escritores hoje, lidos e relidos por muitos não fumantes. Deve-se destacar o triste caso do escritor Albert Camus, fumante inveterado, faleceu num acidente de automóvel, defendo que o autor de O Estrangeiro merecia um enfisemazinho que fosse.
d) O fumo é um unificador social: tomo, mais uma vez, o relato pessoal: eu, intelectual, pseudo-classe média, professor em diversos níveis de educação estabeleci uma sincera e contínua amizade com o meu porteiro, razão, o cigarro que fumamos juntos depois do jantar.
e) Os homens fumantes têm uma maior gama de cantadas: entre homens e mulheres fumantes são possíveis muito mais cantadas do que a dúbia “tem fogo” listada por Clara Averbuck, é possível também o “quer meu canudo”, “chupa bem” e muitos outros que conciliem objeto fálico e fumaça.
f) Os fumantes são menos feios: o maior exemplo disso é o governador do Estado de São Paulo, pai da lei anti-fumo, ele não fuma e é mais feio que o rancor.
Não é intenção deste texto enfadar o leitor, mas sim convidá-lo a uma reflexão, a despeito das brincadeiras e hipérboles quero questionar, o fato de se uma lei feita em nome do bom senso de um só homem, de sua leitura de mundo, de seu eleitorado e de uma sociedade excessivamente limpa, não nos fere em nosso estado de direito, na independência e liberdade postuladas pelo mundo contemporâneo?
Será que se a tolerância virou instrumento do ideológico do estado, não foi oferecida a sociedade paulistana, burguesa e certinha um alvo de intolerância – o fumante, preocupado, apenas em fazer mal a si mesmo?

Fotografia

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O braço direito estirado,
o esquerdo por sobre o peito.
Num leito improvisado,
a despeito do sol a pino,
dormia, tendo ao seu lado
apenas o cão como amigo.
Em meio ao ruído dos carros
e passos de transeuntes,
da calçada roubava o espaço
ao passo que a fome, a saúde.

A saúde, mas não a vida.
A vida, mas não a alma.

Alma que aos poucos se ia
e do corpo não desgrudava

André Prosperi

Por quê poesia não vende?

Posted: quarta-feira, 20 de maio de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Estive conversando com uns amigos, conversamos muito, e não conseguimos chegar a uma conclusão/solução, ou melhor, nem chegamos, depois de desfazer a pergunta, ficamos estagnados no início: Poesia não vende, ponto.
Talvez seria porque poesia não é necessária, mas consumimos muitas coisas que também não são. Compramos badulaques, trecos, até camisas, calças, sapatos que nunca usamos. Vi em um programa de televisão uma figura que tinha mais de cento e cinquenta pares de sapatos, se ela usasse todo dia um, coisa que duvido, ficaria cinco meses desfilando de sapato diferente, será que isso é necessário? Assisti o programa e nem sabia porque, logo não era necessário, mas eu estava lá, em frente a tv, consumindo essa porcaria! E o pior que tenho prova em minha, mal dita, memória!
E por que diabos que essas pessoas não consomem poesia? Os grandes, Drummnond, Pessoa, Quintana, Bandeira, até eles, sofrem com as vendas pífias, agora os pequenos, os poetas contemporâneos, aqueles que encontramos no bar ou na rua, coitados, nem se fala.
Creio que a sociedade moderna tornou o homem tão egoísta, que ele não está disposto para ter uma nova perspectiva, uma nova visão sobre um tema e até mesmo uma dor de cotovelo que não seja a dele mesmo. Muita informação esse homem recebe, mas a poesia não é apenas informação, ela dá recados ao coração, à alma, a sensibilidade desse homem, que não está acostumado, ou até, nem saiba que existe nele um coração, uma alma e a sensibilidade, e pior ainda! Talvez nem exista mesmo, vai ver o homem moderno já venha sem esses itens de fábrica.
Como já disse o grande poeta Roberto Piva: A poesia entendida como "instrumento de Libertação Psicológica e Total, como a mais fascinante Orgia ao alcance do Homem"

Um novo BLOG

Posted: segunda-feira, 18 de maio de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in
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Pessoal,


Fiz um BLOG para expor e discutir as redações de meus alunos, quando der dê um olhadinha: http://producaodetextonaweb.blogspot.com/

Fabiano

Arte e Entretenimento

Posted: quarta-feira, 13 de maio de 2009 by Fabiano Fernandes Garcez in Marcadores: ,
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Existe uma linha que separa arte e entretenimento? Não quero entrar em discussões filosóficas, mesmo porque até hoje não se tem uma definição de arte, então pegarei esta: É a representação do ser humano por meio da música, escultura, pintura, dança, literatura, cinema ou teatro para expressar suas emoções, seus sentimentos, sua história, sua cultura, com uma preocupação estética (beleza, harmonia e equilíbrio). O entretenimento é, segundo o Aulete digital, a ação ou o resultado de distrair-se.
Com isso, podemos dizer que arte é a produção de algo sob uma estética por um meio, e entretenimento se dá ao ver, assistir ou interagir com o objeto artístico. Certo? Errado. Não é bem assim, não. Para se ter arte é preciso que haja uma utilidade, - apesar de muitos afirmarem que arte não serve para nada -, utilidade que é a reflexão, a sensibilização, a transformação do espectador. Ficar olhando o teto ou o chão é distrair-se, pode se considerar entretenimento.
O grande problema de hoje em dia é a tentativa da mídia em querer misturar e vender entretenimento por arte. Uma peça de teatro, cuja única preocupação, é vender bilhetes e que para isso o texto apareça recheado de piadinhas estereotipadas, não é arte, ou um livro, cujo enredo sirva apenas para comover os leitores com amores baratos e piegas, também não é arte, assim como não é arte o filme recheado de tiros, batidas de carros, explosões, e por aí vai...
Cheguei a uma conclusão, juntamente com meus alunos, aquilo que é feito para te ajudar a esquecer, por um curto período que seja, de um dia de trabalho cansativo ou algo assim é entretenimento, aquilo que é feito para te fazer pensar, refletir, avaliar, reavaliar a sociedade, o mundo e até você mesmo é arte.

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A Dança

Posted: terça-feira, 12 de maio de 2009 by O Blog dos Poetas Vivos in Marcadores: ,
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Os Teratos

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O operário no Mar - Carlos Drummond - o bravo!

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Poema em prosa da obra Sentimento do mundo

Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto, no drama, no discurso político, a dor do operário está na blusa azul, de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia, dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no campo e apenas repara que ali corre água, que mais adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é, nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca. E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo menos implorar lhe que suste a marcha. Agora está caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma santidade no operário, e não vejo rodas nem hélices no seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo que o operário está cansado e que se molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e confusão do seu rosto são a própria tarde que se decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos irremediavelmente separados pelas circunstâncias atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar. Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas, choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim, quem sabe se um dia o compreenderei?

Estou publicando aqui um artigo do Hans Magnus Enzemberg - ele é nosso amigo, só não sabe disso ainda!

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A Irresistibilidade da Pequena Burguesia. Um Capricho Sociológico

Hans Magnus Enzensberger
[Este artigo de Enzensberger, datado de 1976, foi publicado no Brasil em 1985. Corresponde a um período em que, apesar da crise estrutural já ter sucedido o ciclo expansivo do pós-guerra, os efeitos da decadência da economia de mercado nos "países centrais" ainda podiam ser repassados para a "periferia" via juros da dívida e, no caso da época da publicação do Brasil, a crise profunda da década perdida podia ainda ser "driblada" pela classe média através das seguras cadernetas de poupança, dos salários elevados dos profissionais especializados nas multinacionais e dos privilégios do funcionalismo público. Uma visão sobre essa mesma classe, abordando a sua relação com a crise, da qual não pode mais escapar, pode ser vista em A Intelligentsia depois da luta de classes e Os bobos da corte do capitalismo, ambos artigos de Robert Kurz]

O fato de que você, que está lendo isso, o leia, é quase uma prova: prova de que você a ela pertence. Perdoe, distinta leitora, fiel leitor, por essa abordagem tão direta (talvez seja exagero dizer "prova"). "No que se segue", admito que pretendo fazer mais afirmações do que provas, por exemplo essa: que existe algo como uma pequena burguesia. Sem pestanejar. Afinal pequena burguesia é uma palavra como qualquer outra, embora soe antiquada (assim como distinta leitora), e o fato de em geral ser pronunciada em tom irritado, praticamente cuspida, não é culpa minha. Sempre foi assim, desde que Ludwig Börne, um pequeno-burguês, a introduziu no vocabulário dos alemães, por volta de 1830.
Sem escrúpulos, isto é, sem ter folheado a "literatura", isto é, algumas dezenas de milhares de páginas sobre o conceito de classe em M., E. e X., ainda sustento que a classe aqui mencionada só pode ser determinada pela sua negação, como sendo aquela que nem é uma coisa nem outra.
Não por curiosidade, apenas na esperança de me fazer compreender, permito-me algumas perguntas.
— Você vive, ou poderia viver, da renda do capital que aplicou em meios de produção?
— Não? Veja, eu já suspeitava disso.
— Mas isso quer dizer que você vive unicamente da venda da sua força de trabalho por hora a um capitalista, que se apossa da mais-valia do seu trabalho?
— É? Tem certeza?
— Então, nada de bolsas? nem juros? nem honorários? nem subsídios? ganhos extras? diárias? Participação nos lucros? Aluguéis? Prêmios? Comissões?
— Nenhum capital intelectual acumulado? Nem ajuda de custo para troca de moradia? Nenhum escritório? Nem moradia própria? Nem verba de representação? Nenhum meio de produção próprio, sequer uma pequena biblioteca de consulta? Em suma, nenhum ganho desviado da mais-valia criada pelo trabalho de outros?
Peço mais uma vez desculpas por essas indagações pedantes e inoportunas.
Possivelmente não é a coisa em si que o incomoda, mas apenas a palavra. Soa tão miserável: pequena burguesia. Mas você certamente não é o único a ficar encabulado. Por isso mesmo, aqueles de quem estou falando tiveram uma porção de idéias sobre nomes para aquilo de que falo (e no que me incluo). Por favor escolha e marque com uma cruzinha o que lhe agradar:
Classe média (velha, nova, alta, baixa, média, "elevada");
Empresariado (pequeno), artesanato, "classe" média;
"Camada" de empregados (média, alta etc.);
"Funcionalismo", "setor terciário", burocracia;
Gerentes, "especialistas", tecnocratas, inteligência técnica;
"Autônomos", profissionais liberais;
"Universitários", intelligentsia ("independente", científica etc.).
Está vendo, portanto, ninguém quer se aproximar demais de você. Apenas lhe convido a situar-se de alguma forma e solicito-lhe a permissão para usar a 1ª pessoa do plural, a fim de simplificar as coisas. Muito obrigado.
Portanto, pertencemos a uma classe que nem domina nem possui aquilo que interessa: os famosos meios de produção; e que não produz aquilo que também interessa, a famosa mais-valia (ou só a produz indireta e secundariamente, um ponto muito debatido nos seminários; mas não é de modo algum tão delicado quanto nos querem fazer crer). Exatamente dessa maneira inexata são os fatos. A pequena burguesia não pertence aos dois principais protagonistas da (famosa) contradição principal, não é nem a classe dominante nem a classe sugada, mas a classe do meio, a classe que sobra, o resto vacilante.
Um resto penoso de suportar para os amantes das imagens limpas, simpáticas, nítidas. A classe que vacila é sempre a que incomoda. Sua existência provoca constante confusão entre teoria e práxis. Para eliminar esse escândalo do mundo (e por uma série de outros motivos que talvez ainda abordemos), nos últimos anos não faltaram tentativas de liquidar a pequena burguesia. Até certo ponto, diziam, podia-se deixar essa tarefa às sólidas regularidades da história. Diziam que, por si (ainda dizem isso em alguns lugares), a parte menor de nossa classe passaria para o lado dos graúdos, ascendendo à alta burguesia, conseqüentemente morrendo com ela, que já está condenada à morte; a outra parcela, bem maior, ficaria ao lado dos cordeiros e lá colheria os frutos do socialismo: os justos haveriam de proletarizar-se devido às (famosas) leis de movimento do capital, embora nem sempre voluntariamente. O resto insignificante de iníquos deveria ser, então, simplesmente eliminado.
Nossos antepassados, se pertenceram à classe aqui descrita, entenderam a mensagem e acreditaram sinceramente na profecia, com temor e tremores.
Mas ela não se realizou. Seja o que for que aconteceu com os pequeno-burgueses, seu apocalipse não se deu. Nem a concentração progressiva do capital, nem a inflação secular, nem o progresso técnico-científico, nem guerras, nem crises acabaram com ela. Nem mesmo a introdução de uma espécie de socialismo pôde eliminar a classe vacilante na União Soviética, na Europa Oriental, nos países do Terceiro Mundo. Ao contrário, produziu-se um novo tipo de pequeno-burgueses, os das revoluções vitoriosas, os bonzos, os quadros, os funcionários públicos: singulares mutantes, inauditas expressões de uma "nova classe" que se parece muito com a antiga.
Mas também nas sociedades capitalistas os antigos bons e maus petít-bourgeois não ficaram inalterados. As figuras Biedermeier do pequeno artesão, do dono da lojinha, do burguês culto e dos cidadãos honrados não desempenham mais um papel central, como outrora (uma olhada nos parlamentos alemães mostra porém que o tipo não morreu). Mas parece que a "classe média" compensou seus sacrifícios, ampliando-se ainda mais quantitativamente, firme e despercebidamente como capim. Em cada mudança estrutural da sociedade ela lançou, por assim dizer, novas raízes. A cientifização da produção, o crescimento dos setores terciário e quaternário da economia, o aumento de gerências privadas e públicas, a extensão da indústria da consciência, as instituições pedagógicas e médicas: a pequena burguesia esteve presente em tudo isso. Também depois de cada mudança política ela instalou-se imediatamente nos novos aparatos estatais e partidários, e não apenas defendeu mas alargou a sua "posição" social.
Uma teoria capaz de fundamentar a força de sobrevivência, a capacidade de resistência e o sucesso histórico dessa classe parece não existir na atualidade. Já o fato de que a pequena burguesia é tão grosseira e obstinadamente menosprezada, há pelo menos 150 anos, merece explicação. Ninguém colaborou mais para essa subvalorização do que a própria pequena burguesia. Tal fato certamente se relaciona com sua peculiar consciência de classe. Ela foi frágil desde o começo e, hoje, só se pode descrever como pura carência. Pois assim como a classe só se determina analiticamente de forma ex-negativa, também deste modo se entende a si mesma. O pequeno-burguês quer tudo, menos ser pequeno-burguês. Tenta obter sua identidade, não se reconhecendo membro de sua classe, mas negando-a. Válido deve ser só aquilo que o distingue: o pequeno-burguês é sempre o outro. Esse estranho ódio de si mesmo funciona como um disfarce. Com sua ajuda, a classe tornou-se quase invisível. Ação solidária e coletiva não entra em questão para ela; jamais terá a autoconsciência de uma classe. Esse mecanismo de rejeição leva subjetivamente a fazer com que ela não seja respeitada socialmente; objetivamente, impede a formação de organizações de classe univocamente determinadas, politicamente abrangentes. O quadro social da pequena burguesia tende ao mimetismo, quanto mais aumenta, mais inconfundível ela se torna.
Provavelmente nunca houve antes uma classe tão dividida, tão desintegrada. O extremo fracionamento objetivo e subjetivo da pequena burguesia não é um enigma. Nasce da sua situação econômica e de sua história. Sua relação com os meios de produção passa por inúmeras mediações e derivações. Daí se segue, de um lado, a sua incapacidade política em tomar o poder. Essa classe não quer e não pode dominar, e interioriza essa impotência de forma muito particular. O pequeno-burguês recusa o poder e adora-o, mas isso significa que o delega e só o percebe enquanto poder delegado, à medida que o administra, justifica e o põe em dúvida. Mas quanto menor se torna a classe dominante propriamente, tanto mais ela precisa da pequena burguesia, para generalizar e transmitir o seu poder. De outra forma, há muito que a classe trabalhadora não poderia mais ser mantida desarmada e controlada. Assim também a influência política da pequena burguesia se pode determinar ex-negativo, como uma espécie de inarticulado poder de veto. Por isso explica-se o interesse da pequena burguesia no aspecto formal da política, nos procedimentos, prescrições, regras legais e formas de relacionamento.
A incapacidade de unificação e de aliança tem porém seu lado reverso. A multiplicidade e a sua articulação extremamente graduada segundo o status, grupos profissionais e propriedade, fundamenta também a resistência, a dinâmica e a agressividade da classe. Ela é uma vantagem na evolução social, um fator de auto-subsistência. Em sistemas biológicos vale a frase: uma espécie é tanto mais difícil de exterminar quanto maior sua variabilidade, seu pool genético. Uma regra análoga vale na sociedade. Um monolito social sobrevive mais dificilmente às mudanças de condições históricas, do que um conjunto de articulações variadas. A capacidade de adaptação, ideologicamente pouco valorizada e tachada de mau-caratismo e oportunismo, acusada exatamente pelos pequeno-burgueses, aumenta sem dúvida as chances de sobrevivência de uma classe. Ninguém a tem em maior grau do que o petit-bourgeois. Nenhum nicho social é tão pequeno, tão afastado, tão isolado, tão exposto, que ele não o tente ocupar. Nunca fixar-se definitivamente e agarrar qualquer possibilidade: é a única coisa que a classe aprendeu de sua história tão cheia de mudanças. Há muito se despediu de seu antigo caráter social, do hábito pacato, filisteu e tacanho dos primeiros tempos. Ainda não se sabe até que ponto essa predileção pela perseverança arrogante é herança histórica; também a antiga pequena burguesia do século XIX era uma classe nervosa, irritadiça, facilmente indignada e rebelde, com uma tendência esporádica para o radicalismo, à súbita excitação, crítica por ressentimento e corajosa por medo. Foram pequeno-burgueses que criaram a figura do burguês tacanho; foi de burgueses que se compôs a boemia, cuja especialidade era chocar outros pequeno-burgueses.
Hoje em dia a classe está cheia de homens progressistas, ninguém mais ávido do que eles para seguirem as mais novas tendências. Essa classe está sempre na última moda. Ninguém é capaz de mudar mais depressa suas ideologias, roupas, formas de convívio social e hábitos, do que o pequeno-burguês. Ele é um novo Proteu, cuja capacidade de aprender vai até a perda de identidade própria. Sempre fugindo do que envelheceu, ele corre atrás de si mesmo.
Derrotas políticas podem abalar a classe trabalhadora na sua consciência de classe; mas é impossível roubar-lhe a tranqüila convicção da necessidade de sua existência. Também a alta burguesia se julga indispensável. A pequena burguesia, ao contrário, tem de lutar constantemente contra a sensação de ser supérflua. O cinismo é privilégio dos dominantes. Mas a classe rejeitada, pelo contrário, busca justificativas; está permanentemente à procura de sentido. É tão engenhosa quanto inescrupulosa, mas sempre necessitada de moral. Produziu obras-primas solitárias em matéria de racionalização e dúvida. Mas sua autocrítica e a sua autonegação são de dimensões limitadas. Uma classe não pode eliminar a si mesma. Por conseguinte, dúvida e derrocada servem em última análise de estímulo e prazer para a pequena burguesia. Torná-la insegura é fácil. Dissuadi-la de si mesma é impossível. A pequena burguesia questiona-se incessantemente, é a classe experimental por excelência. Mas o processo de auto-estímulo serve apenas para manutenção e ampliação de sua própria esfera. Sua insegurança tem método; é usada para uma estratégia que não desiste da quimera da segurança.
Como se explica a posição central que a pequena burguesia mantém em todas as sociedades altamente industrializadas da atualidade? Nossa classe não dispõe de capital, nem tem acesso direto aos meios de produção; está mais distante que nunca do poder econômico e político. Não saberá ela mesma em que reside sua força? Ou será medrosa demais para soltar esse gato do saco? Chegamos perto da resposta, simples e lapidar: a pequena burguesia dispõe hoje em dia de hegemonia cultural em todas as sociedades altamente industrializadas. Tornou-se a classe modelar, a única que produz em massa as formas de vida cotidianas e as torna obrigatórias para as demais classes. Ela promove a inovação. Decide o que é belo e desejável. Determina o que será pensado (os pensamentos dominantes já não são os da classe dominante, mas os da pequena burguesia). Ela inventa ideologias, ciências, tecnologias. Dita o que significa a moral e a psicologia. Decide sobre o que deve "acontecer" na chamada vida privada. É a única classe que produz arte e moda, filosofia e arquitetura, crítica e design.
Toda a esfera do consumo de massa é decididamente marcada pelas idéias da pequena burguesia. Artigos de mercado e propaganda são projeções de sua consciência. No consumo repetem-se em forma generalizada todos os traços do caráter social pequeno-burguês: dinamismo e individualismo, progresso como fuga para a frente, formalismo e inovação permanente, esbanjamento e necessidade de continência. Basta apontar para a forma dos dois bens de consumo simbólicos da nossa civilização: aparelho de televisão e automóvel particular. Só o pequeno-burguêss poderia inventar esses singulares objetos.
Igualmente impressionantes são suas façanhas no campo da produção imaterial. Os aparatos da superestrutura são todos ocupados por membros de nossa classe, assim como todas as "correntes", "orientações" e "movimentos", que têm algum papel nas sociedades altamente industrializadas, são inspirados, carregados e impostos pela pequena burguesia: do turismo ao do it your seif, da Vanguarda artística ao urbanismo, do movimento estudantil à ecologia, da cibernética ao movimento feminista, do esporte à "liberação sexual" e assim por diante, o tempo inteiro. Cada movimento alternativo dentro de nossa cultura foi imediatamente tomado pela pequena burguesia — basta pensar no exemplo da música rock que originariamente foi uma expressão de jovens proletários, assim como cinqüenta anos antes fora o jazz. Até ideologias originalmente bem subversivas, como o anarquismo e o marxismo, hoje em boa parte são apropriadas pela pequena burguesia.
Só uma pormenorizada análise materialista poderia explicar como a "classe experimental" chegou à sua hegemonia cultural. Um alto grau de industrialização certamente é necessário, embora não seja uma condição suficiente. O modelo da cultura pequeno-burguesa pressupõe certa riqueza social. Só quando a produção é altamente organizada, as esferas sociais da distribuição, da circulação e da administração podem se estender, formando uma larga "classe média". Inversamente, é a crescente centralização e concentração de capital que faz com que a classe dominante se reduza, tendo de sacrificar a sua hegemonia cultural.
A produtividade frenética da pequena burguesia, sua capacidade de inovação, porém, deveria ser explicada simplesmente pelo fato de que não lhe resta outra coisa. Ela é "inteligente", "talentosa", "inventiva", porque disso depende sua sobrevivência. Os donos do poder não precisam disso; mandam outros inventar, compram inteligência e "atraem" talentos. O proletariado, ao contrário, priva-se sistematicamente de toda a produtividade autônoma. "Vocês não têm nada que pensar!" berrava já F. W. Taylor, pequeno-burguês e pai da racionalização, referindo-se aos operários de produção, e naturalmente não foi só no Ocidente. Assim, ex-negativo, é que se explica o fabuloso talento da pequena burguesia, como a maior parte das suas outras qualidades.
Muito diversa é a questão do que torna a cultura hegemônica da pequena burguesia tão irresistível. Como ela pôde tornar-se modelo universal, seguido por bilhões de pessoas? O que o torna extraordinário? Devido a que qualidade ela elabora praticamente todos os projetos alternativos, tanto nacional como mundialmente?
É uma verdade evidente que o proletariado europeu está marcado, em suas formas de vida e aspirações, pela cultura pequeno-burguesa. Mas também a antiga forma de vida da alta burguesia foi totalmente liquidada por ela; seu luxo encolheu para o formato das revistas ilustradas; seu padrão "exclusivo" é apenas aquele dos pequeno-burgueses que se permitem usar uma marca cara. Inversamente, é apenas questão de tempo que a escova de dentes elétrica entre triunfalmente nos cortiços. Já não existe hoje mais qualquer bazar oriental ou mercado malaio, ou caribense, onde os fósseis básicos da cultura pequeno-burguesa não tenham conquistado, há muito, seu lugar. Os fundamentos econômicos dessa invasão total e geral são conhecidos e não foram criados pela pequena burguesia. Contudo, o que qualquer consideração puramente econômica exclui é a dimensão cultural desse processo (Pier Paolo Pasolini o descreveu exemplarmente para a Itália).
Portanto, fica a indagação: o que é tão singular, tão sedutor no isqueiro de mesa, no gosto de Pepsodent, na poesia concreta. na sala para cultivar um hobby, no programa "Vila Sésamo", no limão de plástico, na pesquisa de comportamento, em Emma e Emmanuelle, no desodorante, no Sensitivity Training, na câmera Polaroid, na mercadoria exposta, na parapsicologia, no Peanuts e na liga metálica, na camiseta, na Science Fiction, no seqüestro de aviões e no relógio digital, que ninguém, nenhuma nação, nenhuma classe social, de Kamtschatka à Terra do Fogo, lhes seja imune? Não terá realmente aparecido nenhuma resistência contra o que nossa classe inventa? Ninguém escapará, nem mesmo os congoleses, de se munirem de cuecas desenhadas por um modista francês? Também os vietnamitas terão de engolir Valium? Nenhum caminho passará longe da terapia de comportamento e do Concorde, de Masters & Johnson, da cidade-satélite e da pesquisa de currículos? E o estofado em material semelhante ao couro, que respira, que é resistente à sujeira, com almofadas de assento e encosto soltas, de espuma de borracha, presas com botões, molejo de espuma de borracha amortizado com algodão, com fivelas ornamentais, divisões inferiores em tiras de couro, transportável e giratório, sobre rodinhas de cromo, essa peça maravilhosamente linda que me persegue implacavelmente, que está à minha espreita por toda parte como o ouriço do conto de fadas, que está sempre ali, nas festas de aniversário, na televisão, no quarto-e-sala de um operário turco em Berlim-Schöneberg, no Spiegel, no dentista, nas férias aventurescas, nos órgãos do Partido, na liquidação, no belo Danúbio azul, na Casa Branca e no depósito de lixo — será que nada adianta, será que ela continuará irresistivelmente seu trajeto, essa encarnação de todos os sonhos floridos de nossa classe, até chegar aos souks de Damasco e ao aeroporto de Xangai?
Provavelmente já está lá há muito tempo.

Artigo publicado em Com raiva e paciência: ensaios sobre literatura, política e colonialismo. São Paulo: Paz e Terra, 1985, p. 87-95.